O sistema eleitoral português é um sistema fechado,
isto é, um sistema que apenas é decretado pelos partidos que escolhem as
pessoas. O sistema ao ser fechado faz com que alguém que seja realmente
independente não se possa candidatar. Podem-me dizer, um independente pode ser
eleito, mas qual é a percentagem de independentes que nos últimos 35 anos foram
eleitos? Os partidos fazem as suas listas, de acordo com as suas preferências.
Mas se estamos num sistema democrático, a democracia não é apenas de quatro em
quatro anos quando se vai votar ou de vez em quando há manifestações.
Democracia é muito mais que isso.
A democracia deve passar pela mudança de um sistema
fechado para um sistema aberto. A primeira objeção que me irão colocar é: os
partidos políticos não querem que o sistema eleitoral que tanto os beneficia
seja alterado. Claro que não querem, porque na sua génese nenhum partido tem
preocupações democráticas, tem apenas preocupações em que os seus amigos tenham
um lugar no parlamento. Do mesmo modo que a ditadura acabou com o 25 de abril,
a mudança de sistema eleitoral é possível. Não é o povo que mais ordena, como
se apregoa na rua. O povo nada ordena, ainda por cima num sistema do género.
Porque para o povo ordenar o que quer que seja, é necessário que tenha
conhecimentos da realidade política, da realidade economia e da realidade
história do país. E não acredito que o povo tenha esses conhecimentos. Este
sistema eleitoral apenas beneficia os partidos políticos. E basta que se olhe
para a realidade, quer para os números reais da economia, quer para os
problemas que existem no país, para saber que os maiores erros começam com a
classe política. Num sistema aberto, os partidos teriam que ir buscar pessoas à
sociedade civil, para os ajudar a que pensem de outro modo. Claro que isso em
Portugal é impossível, porque os partidos não querem mudar, porque preferem as
suas bandeiras ideológicas que na maior parte dos casos continuam com ideias do
século XIX (muitas das ideias do marxismo, não são renovadas, e insistem sempre
nas mesmas soluções, quando sabemos que Marx errou as suas previsões). Porque
os partidos políticos apenas querem poder. Isto porque, nunca nenhum partido,
além das próximas eleições não foi responsabilizado. Os partidos políticos
devem ser responsabilizados pela crise económica que provocaram ou que não
evitaram devidamente. Isto porque não criaram mecanismos para que o país
conseguisse estar imune à crise. Por exemplo, os partidos que defendem as leis
que vêm Bruxelas, e a oposição que não cria nenhuma alternativa real.
Este sistema político faz com que sejam sempre
eleitos os mesmos medíocres de sempre. A política que é descrita como uma arte.
Isto é, uma arte, o teatro é considerado uma arte, mas se tiver um mau guião e
maus atores deixa de ser bom, do mesmo modo que a política, tem maus atores
políticos, porque são pessoas que na sua maioria nunca na vida produziram nada,
nunca criaram um posto de trabalho, vieram muitas das vezes com os vícios das
juventudes partidárias onde não se discute nada dos problemas, onde se discute
uma mera ideologia de fachada.
Mudar o sistema político é um objetivo. Mas claro,
poderiam perguntar, como pensas em mudar esse sistema? Em primeiro lugar é
fundamental a ação de certos grupos de cidadãos, aquilo que se chamam
movimentos cívicos. Depois muito mais importante que debater o défice, deve de
se começar por debater o sistema eleitoral, que neste caso em nada beneficia a
democracia. Para essa mudança do sistema eleitoral poderia ser: criar ciclos
uninominais mais pequenos. Isto é, aproximar a democracia às pessoas, e
afasta-la das máquinas partidárias. Em segundo lugar os partidos poderem
escolher alguns dos seus membros para serem eleitos, mas neste caso, deveria de
existir uma lei da limitação dos mandatos na assembleia da república de 3
mandatos. Neste caso faria com que os partidos políticos ao fim de 3 mandatos
tivessem que arranjar pessoas novas. Claro que arranjar pessoas novas não
poderiam pertencer aos partidos políticos, porque a sua base é cada vez menor e
teriam neste caso que se abrir à sociedade civil, escolhendo os melhores. Essa
limitação não poderia ser de um impedimento de um mandato, mas seria uma
limitação para sempre (independentemente se se trata do poder local ou poder
legislativo). Para justificar esse aspeto recorro a à CRP, que diz que deve
haver uma condição de igualdade de todos os cidadãos para participar na vida
pública. Para ter essa igualdade é necessário que haja uma lei da limitação dos
mandatos, a todos os níveis, começando pelo poder local, até ao poder
legislativo.
Os partidos políticos nunca querem uma mudança
eleitoral. Isto começa porque os partidos não querem perder o seu estatuto.
Nenhum partido político tem interesse na resolução do que quer que seja, isto
porque os seus interesses não dizem respeito às soluções de problemas para o
país, porque nenhum partido quer isso, apenas querem o poder pelo poder (esta
crítica vai da esquerda à direita). Mudar o sistema eleitoral quer dizer perder
as regalias dos partidos políticos. Em primeiro lugar é importante os partidos
sejam realmente responsabilizados, não apenas moralmente, isto é nas próximas
eleições, mas muitas das vezes juridicamente. Em segundo lugar, as pessoas que
votam num determinado partido devem igualmente ser responsabilizadas pelas suas
escolhas. Em terceiro lugar, quem acha que os partidos políticos existentes não
cumprem as suas funções, pode criar um novo partido, e poderão ser eleitos de
modo a que se pensa numa mudança do sistema eleitoral.
Para terminar, penso que para um bom sistema
democrático deve começar-se pela mudança de sistema eleitoral, para em primeiro
lugar aproximar as pessoas de escolher alternativas e de fazer parte da solução
nos problemas.
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