sexta-feira, 26 de abril de 2013

Supostos debates políticos


Reparo que no debate político há uma intensa troca de argumentos e um debate de ideias. Embora, tal não se verifique, porque na política o interesse que há é que a minha posição ganhe em detrimento da posição contrária à minha. A democracia pressupõe um debate de ideias, mas igualmente que esse debate seja profundo, que não seja apenas sobre leis que são mal elaboradas ou de discursos económico-financeiros que são errados. Um dos problemas que se verifica nos debates parlamentares trata-se de uma troca intensa de acusações, isto é, ‘na anterior legislatura você aumentou os impostos’ e aspetos muito semelhantes. É necessário o debate sobre problemas com muita seriedade, é necessário argumentar de modo a que as premissas sejam válidas e a conclusão seja verdadeira. O problema é que isso não acontece. Infelizmente não se debate nada, e quando há um pequeno debate, apenas se verificam ou ‘bocas’ ou apupos. Eu quero ver um debate sério dos reais problemas. Não estou a pedir um debate sobre a teoria política, pois os supostos políticos não sabem o que é a teoria política, apenas usam uma retórica que serve para tentar convencer que a sua posição é a melhor. Acima de tudo atacam-se os partidos que têm ideias diferentes. Se um partido se enquadrar no espetro político socialista irá criticar a democracia cristã apenas por criticar, do mesmo modo que a democracia cristã irá criticar a ideologia socialista apenas por criticar. Não há um debate construtivo de ideias sérias. Para que interessa afinal o debate político? Afinal quem debate o que quer que seja? Nesses supostos debates não há argumentos, apenas pura retórica que para nada serve. Se numa situação em que há um suposto debate, um determinado país está em crise, menos interessante é o debate e mais falaciosos são os discursos apresentados.
Infelizmente não há dos políticos o conhecimento das teorias políticas para se debater o que quer que seja, nem igualmente há o conhecimento da ideologia que os faz militar num determinado partido. Apenas há um arrastamento e um vazio total nos discursos. Ninguém debate nada de interessante, o que se supostamente debate não chega a ter a profundidade necessária para uma democracia. Os problemas reais não são abordados, nem são resolvidos. Quem debate afinal os problemas políticos?
Seria interessante que os políticos conhecessem quer a história política, quer igualmente a teoria política, quer a do seu partido, quer a dos diversos partidos para poder fazer críticas construtivas. Porque num determinado debate, criticar uma ideia de alguém não é apenas um deita-abaixo, mas sim, por vezes elogiar o que de melhor foi feito. Isto é, se uma determinada lei beneficia a população, o partido rival apenas critica por criticar. Para quando um debate político profundo? Para quando acabam com a retórica falaciosa que para nada serve?
Os debates em democracia não se resolvem apenas nos parlamentos onde não há respeito pelo outro, nem respeito pelas ideias opostas. Apenas há atritos partidários que em nada ajudam um país a resolver os seus problemas. Os supostos debates devem de ser profundos, debater o que interessa, discutir as ideias, discutir os argumentos do outro, argumentar com clareza e sem ausência do vazio de discursos. Acredito que seja impossível que haja um debate profundo para quem não tenha a capacidade intelectual para debater o que quer que seja. Nessa ausência de capacidade intelectual apenas se olha para o partido e não se olha para o ser humano, que o ser humano tem a política para supostamente resolver os seus problemas. Na política, como na ética o homem deve estar em primeiro lugar. É muito mais importante o homem que um simples mecanismo de mercado ou uma super-estrutura do estado. O homem deve estar no centro da política e no centro do debate político. É do homem que se trata, é da resolução de problemas que o homem tem que supostamente a política deve de resolver. Não se deve aumentar os problemas, nem de ter discursos vazios de sentido.
Por fim, penso que é importante discutir, argumentar, ouvir, pensar, estar atento para que possa existir um debate político. Mais importante que tudo isso é ter atenção à linguagem, não ao seu aspeto psicológico, mas ao seu aspeto enquanto linguagem rigorosa que se tentam resolver os problemas.    

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