quinta-feira, 2 de maio de 2013

Para que serve a economia e a história?

Uma democracia participativa exige em primeiro lugar uma educação. Educação que deve começar nos bancos da escola. Essa educação deve ser cívica, baseada no esclarecimento de conceitos quer democráticos, quer históricos, quer económicos. A educação deve promover o espírito crítico, de modo a que se possa pensar de modo diferente ao que se pensa habitualmente. A par do espírito crítico, é fundamental que se argumente. Isto é, que se justifique uma escolha, não apenas com o interesse próprio, mas com clareza e rigor conceptual. É importante que se argumente o melhor possível, que não se use uma retórica de baixo nível, onde apenas se critique a ideia do outro por criticar. Em primeiro lugar é necessário conhecer o que a outra pessoa diz. Depois é necessário criticar a ideia que a pessoa tem. Acima de tudo criticar a essência da ideia, e não apenas o que a ideia implica (por exemplo se eu defender que o mais correto é um estado socialista, quem criticar a minha posição deve de atender ao estado socialista e não às implicações laterais de um estado socialista – atenção, dei apenas um exemplo, não estou a dizer o que para mim é o mais correto).
A educação baseada em valores, em ideias que devem ser seguidas, em ideias alternativas. Deve de se estabelecer e clarificar certos conceitos que se encontram pré-definidos, e que a ideia que se deles é muitas das vezes errada. A educação deve ter em atenção a história, quer a história mais recente, quer a história passada. Deve dar-se um profundo interesse na história económica e política, para que se percebam os movimentos passados. É importante que se conheçam quer épocas de grande prosperidade, quer épocas de grande crise. É fulcral conhecer o passado, para poder fazer com que o presente seja diferente. Conhecer o passado, não deve ser apenas de modo ideológico. Por exemplo se me referir ao socialismo soviético é importante ter o conhecimento de historiadores marxistas e de historiadores que se opõe ao marxismo. Com este exemplo, quero dizer que não se deve apenas mostrar uma visão da história, mas diversas versões, do mesmo modo que me referi ao socialismo soviético, poderia referir-me ao nazismo, ou ao capitalismo, ou ao feudalismo, ou à monarquia absoluta. É fundamental que se conheçam as diversas perspetivas para que possa tomar o melhor partido.
Sobre a economia é fundamental que se conheça esta ciência social. É importante conhecer a história das ideias económico-políticas. É necessário conhecer economistas clássicos e contemporâneos. A nível de conhecer a economia é fundamental conhecer algumas noções quer da macroeconomia quer da microeconomia e torna-se fundamental conhecer a economia-política. É impreterível conhecer os diversos movimentos de ideias. Penso, a par da economia, é importante conhecer a história económica.
Considera-se muitas das vezes a economia como a principal ciência social. É necessário ter em atenção que sendo uma das áreas mais importantes, é falível. Em primeiro lugar porque se trata de uma ciência social, que trata de pessoas, e o rigor que existe para ciência económica é diferente do rigor que existe na ciência natural. Em segundo lugar, é necessário ter em atenção que dentro da ciência económica devem de se pensar em alternativas ao que é defendido. Com isto não quero dizer que o que se defende seja o mais ou menos correto, não estou a fazer um juízo de valor sobre a situação que se passa (ou que se passou na data da escrita deste texto). Para mim, particularmente, a economia é muito importante para saber o que se passa no mundo contemporâneo, mas sei que em termos de rigor não é como deveria de ser, refiro-me com isto às falhas que os economistas têm (algumas falhas são difíceis que colmatar).
Penso que para uma democracia participativa é necessário ter em atenção a história e a economia. Mas a par dessas áreas, é importante conhecer as ideias políticas, quer atuais, quer no passado. A democracia participativa exige que os cidadãos pensem no que os rodeia. É fundamental que se argumente sobre o que se passe e sobre o que se passou. A democracia participativa assenta na educação. Com isto não me refiro a uma educação que seja facilitada. Refiro-me a algo que seja feito com rigor, num regime de mérito. É importante que quem governe não pense em algo para o imediato, mas exista um plano para futuro. Isto é, que os planos para governar não sejam apenas por uma legislatura, mas que tenham um consenso duradouro, mas acima de tudo que sejam uteis e importantes para os cidadãos. Apreender os conceitos, esclarecer as ideias, argumentar é um dos papéis que a educação deve ter. É necessário que se pense no que realmente importa, isto é, a política é das atividades mais importantes e mais nobres que existe. É necessário que essa política seja valorizada, recorrendo a uma cidadania que participe ativamente na sociedade, que pense em alternativas, que se argumente, que conheça o passado e a economia.  

Sem comentários:

Enviar um comentário