Fala-se constantemente nas diferenças entre Pedro
Passos Coelho e António José Seguro. Em primeiro lugar, as diferenças são de
partido, em segundo lugar as diferenças são ideológicas, em terceiro lugar são
as perspetivas económicas. Tudo o que disse são realmente diferenças. Mas isso
toda a gente sabe.
Vamos olhar para as semelhanças entre o atual
primeiro-ministro e o candidato do maior partido da oposição. Os dois se
formaram em juventudes partidárias. Isto é, o antro de podridão, onde pouco de
discute, e onde se pensa que por se ser líder de uma juventude faz com que
possa ser um bom candidato para primeiro-ministro. Isso é de todo errado. Como
irão gerir o erário público pessoas que nunca souberam gerir uma empresa?
(Estar questão até pode não ser formulada dessa maneira, até porque eu posso
gerir muito bem uma empresa e não saber gerir o erário público do melhor modo)
Quando olharmos para a formação cultural dos dois
senhores doutores (digo doutores com o maior sarcasmo), o que vemos afinal? Que
cultura, e conhecimentos têm do mundo? O que pensam realmente pelas suas
cabeças e não pelas cabeças dos partidos políticos? O que pensam da história
política e económica de Portugal do século XX? O que conhecem da história
mundial? Isto, pode parecer algo exagerado da minha parte. Mas, mais importante
que executar as ideias dos diversos partidos, é mais importante olhar para este
aspeto. Coloco as questões, sei que não terei uma resposta, porque para quem
governa apenas o que interessa é chegar ao poder e fazer com que o partido
tenha maioria absoluta.
Olho para os dois, mesmo que se digam diferentes não
são. Qual a sua ideia sobre o Estado que querem? Sabemos algumas ideias de
Pedro Passos Coelho, e que sabemos afinal de António José Seguro? O que
conhecem eles afinal, para terem um lugar tao importante (o Pedro já tem esse
lugar)?
A questão da diferença entre Coelho e Seguro
assemelha-se à suposta diferença entre o PSD e o PS, qual na prática a
diferença entre os dois partidos?
Se olharmos para os perfis de cada um, vemos a mesma
coisa. Um vazio total de ideias. Um desconhecimento lato da realidade
portuguesa. É normal que assim seja, pois se são políticos profissionais
descuram tudo o resto. É fácil pedir maiorias absolutas para governar, mais
difícil é mudar uma lei eleitoral que poderá ajudar a melhorar a democracia.
Mas isso não interessa, pois estaria a tirar o lugar de certos senhores que
pouco ou nada conhecem.
Penso que se estamos mal com o Coelho, mas estaremos
mal com o Seguro. Isto porque quando são eleitos pelo seu partido, quem os
elege é a base e ir contra a base é ir contra o partido, e ir contra o partido
é uma traição, segundo eles, bem maior que alterar o sistema económico.
O que produziram para o país, estes dois senhores? O
que fizeram para o país, dois antigos líderes de juventudes partidárias?
Afinal, o que haverá de diferente entre Seguro e
Coelho? Eu penso que pouco ou nada. Depois vem o aspeto de prometer o
impossível. Quando Coelho prometeu que não aumentaria os impostos, mentiu
descaradamente, quando aumentou os impostos para os valores mais elevados de
sempre. Referente a Seguro, quando este recentemente pediu uma maioria absoluta
e que iria conseguir 12 mil milhões de euros para a economia, grande parte
desse dinheiro apenas será possível se entidades externas ao governo quiserem
dar, o que em certas ocasiões parece difícil.
O que os dois querem (um quis e conseguir – o
Coelho), é serem eleitos tendo maioria absoluta de modo a que possam governar a
seu bel-prazer. O que interessa é que tenham chegado ao poder, apenas querendo
o poder pelo poder.
Como podem estar preparados para governar, quando
pouco conhecem? Como pode querer governar bem, quando a sua formação é na
podridão das juventudes partidárias? Como podem governar, quando pouca cultura
política têm?
Com um percurso são semelhante, em que separa
afinal, Pedro Passos Coelho e António José Seguro? Quando na sua génese os dois
caminham lado a lado, mesmo que em caminhos opostos, descuram o mais
importante: as pessoas que devem estar no centro da política.
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